
Viajar no frio pode ser uma experiência completamente diferente do que estamos acostumados, especialmente para quem vive em regiões de clima mais quente. As paisagens mudam, os hábitos locais também, e até mesmo a forma como organizamos a mala e escolhemos as atividades precisa ser repensada. Por isso, saber como se preparar corretamente faz toda a diferença na hora de aproveitar ao máximo o destino escolhido.
Se você está planejando viajar no frio — seja para curtir o inverno na serra, esquiar em um país europeu, explorar a Patagônia ou apenas conhecer uma cidade com temperaturas mais baixas — é fundamental ter em mente alguns cuidados básicos e estratégias que ajudam a tornar a experiência mais confortável, segura e até mais econômica.
Neste artigo, reunimos 10 dicas essenciais para viajar no frio, com informações práticas que vão desde o que levar na bagagem até como cuidar da saúde e da pele durante o inverno. Confira e prepare-se da melhor forma possível para sua próxima aventura gelada.
1. Roupas certas: aposte na técnica de camadas

Quando falamos em viajar no frio, a escolha das roupas é um dos pontos mais críticos. O erro mais comum é levar roupas pesadas e volumosas demais, que ocupam espaço e não oferecem flexibilidade. A melhor estratégia é usar a técnica das camadas, bastante comum em países frios, por permitir ajuste térmico ao longo do dia.
A primeira camada deve ser justa ao corpo, com função térmica e de absorção de suor. Peças conhecidas como “segunda pele” são ideais — elas mantêm o corpo seco e aquecido. A segunda camada serve como isolante térmico. Pode ser um fleece, uma blusa de lã ou moletom, dependendo da intensidade do frio. Já a terceira camada protege do ambiente externo: vento, chuva ou neve. Nessa etapa entram os casacos impermeáveis ou corta-vento.
O uso de camadas facilita a adaptação a mudanças de temperatura. Por exemplo, ao entrar em um restaurante aquecido, você pode remover uma ou duas camadas para não superaquecer, algo que um casaco muito grosso não permite. Além disso, essa técnica ajuda a economizar espaço na bagagem e evita desconfortos causados pelo excesso ou falta de roupas.
2. Acessórios térmicos fazem diferença

Além das camadas principais de roupa, os acessórios são aliados fundamentais para quem vai viajar no frio. Eles protegem áreas do corpo que, mesmo com roupas adequadas, ficam vulneráveis às baixas temperaturas: mãos, pés, pescoço, cabeça e olhos.
O gorro mantém a cabeça aquecida e evita a perda de calor — algo essencial, pois cerca de 20% do calor corporal pode ser perdido por ali. Já as luvas mantêm as mãos protegidas do frio e do ressecamento, e devem ser escolhidas com atenção. Em destinos com neve, as impermeáveis são indispensáveis.
Cachecóis, golas ou lenços térmicos protegem a garganta e o peito do vento gelado, prevenindo doenças respiratórias e desconfortos. As meias térmicas, por sua vez, ajudam a manter os pés secos e aquecidos, especialmente quando combinadas com calçados apropriados.
Óculos escuros com proteção UV são mais importantes do que parecem. A luz refletida na neve ou no gelo pode causar fadiga ocular e até lesões. Para quem vai viajar no frio extremo, acessórios térmicos não são opcionais — são parte do kit de sobrevivência.
3. Cuide bem da sua pele

Durante uma viagem em clima frio, a pele costuma sofrer bastante. O ar seco, as baixas temperaturas e os ventos gelados ressecam a pele com facilidade, causando desconforto, coceiras, rachaduras e até sangramentos, principalmente nos lábios e nas mãos.
Por isso, incluir na mala produtos como hidratantes corporais, faciais e protetor labial é essencial. Dê preferência para cremes com alto poder de hidratação e que não contenham álcool, pois este ingrediente tende a ressecar ainda mais a pele. Os lábios merecem atenção especial, então use protetores com manteiga de karité, vitamina E ou cera de abelha.
O protetor solar, embora frequentemente negligenciado no inverno, também é necessário. Em regiões com neve ou alta altitude, os raios solares continuam intensos e o risco de queimadura existe, principalmente pelo reflexo da luz em superfícies brancas.
Manter-se hidratado também é uma dica valiosa. No frio, tendemos a beber menos água, mas o corpo continua precisando dela para manter a pele saudável. Viajar no frio requer cuidados simples, mas que fazem muita diferença na sua saúde e conforto.
4. Escolha bem os calçados

Os calçados têm impacto direto na experiência de quem vai viajar no frio. Escolher sapatos errados — como tênis leves, rasteirinhas ou calçados com sola fina — pode resultar em pés gelados, úmidos e até em quedas por escorregões.
O ideal é optar por calçados fechados, com solado antiderrapante e, se possível, forro térmico. As botas são sempre uma boa escolha, principalmente se forem impermeáveis. Em regiões com neve ou muita chuva, o calçado deve impedir que a umidade entre e permita que o pé respire.
Além disso, leve pelo menos dois pares de calçados. Assim, se um deles molhar, você ainda terá outro para usar enquanto seca o primeiro. Usar palmilhas térmicas é outro truque eficiente para manter os pés aquecidos, principalmente em caminhadas longas.
Vale lembrar que viajar no frio pode incluir terrenos escorregadios ou gelados. Por isso, a tração do solado é tão importante quanto o isolamento térmico. Um bom calçado não apenas aquece, como também protege de acidentes.
5. Atenção redobrada à alimentação

Em temperaturas baixas, o corpo consome mais energia para se manter aquecido. Isso significa que o apetite tende a aumentar — e muitas vezes buscamos alimentos mais calóricos e reconfortantes. Saber o que comer (e quando) pode melhorar sua disposição durante a viagem.
Alimentos quentes e nutritivos, como sopas, caldos, massas e carnes, são bem-vindos. Eles ajudam a manter o corpo aquecido e fornecem energia suficiente para as atividades do dia. Evite, no entanto, exageros em comidas gordurosas, que podem causar desconforto digestivo.
É comum também aumentar o consumo de bebidas quentes, como café, chá e chocolate quente. Isso é ótimo para o conforto térmico, mas modere na cafeína. O álcool também deve ser consumido com moderação, pois embora cause sensação momentânea de calor, ele promove vasodilatação e pode acelerar a perda de temperatura corporal.
Viajar no frio exige equilíbrio: alimente-se bem, beba água e evite abusos. Uma nutrição adequada é parte importante da sua adaptação ao clima.
6. Organize bem sua mala

Montar a mala para viajar no frio é um desafio à parte. As roupas são mais volumosas, os calçados ocupam mais espaço e a tendência é exagerar na quantidade de peças. Mas com um bom planejamento, é possível montar uma mala funcional e leve.
Leve peças versáteis e neutras, que possam ser combinadas entre si. Priorize roupas que possam ser sobrepostas (camadas) e que sequem rápido. Evite levar muitos casacos pesados; um casaco principal de qualidade é suficiente se combinado com camadas térmicas por baixo.
Use sacos de compressão ou organizadores de mala para otimizar o espaço. Meias e roupas íntimas podem ser enroladas e colocadas dentro dos calçados, por exemplo.
Se a viagem for longa, verifique se o local oferece lavanderia. Isso permite levar menos peças e repetir roupas. Planejamento é essencial: viajar no frio com uma mala bem organizada faz com que você evite excessos e carregue apenas o necessário.
7. Verifique o aquecimento da hospedagem

Muita gente se surpreende negativamente ao chegar a destinos frios e encontrar acomodações sem qualquer sistema de aquecimento. Isso acontece com frequência em regiões do Brasil onde o frio é sazonal, mas as construções não são preparadas para ele.
Antes de fechar a reserva, verifique se o local possui aquecedor, lareira, ar-condicionado com função quente ou cobertores extras. Mesmo uma boa cama pode ser desconfortável se o ambiente estiver gelado.
Se possível, escolha hospedagens com isolamento térmico adequado e banheiro aquecido — principalmente em cidades de serra. Alguns hotéis e pousadas oferecem piso aquecido, o que é um grande diferencial.
Ao viajar no frio, conforto térmico durante a noite é essencial para garantir um bom descanso e disposição para o dia seguinte. Não subestime esse ponto.
8. Adapte o ritmo da viagem ao clima

Viajar no frio exige uma mudança de ritmo. É natural que as pessoas durmam mais, acordem mais tarde e sintam preguiça de sair em horários muito gelados. Por isso, respeitar o tempo do corpo e planejar um roteiro mais flexível faz toda a diferença.
Evite programar muitas atividades para o início da manhã, quando as temperaturas ainda estão muito baixas. Prefira começar o dia com visitas a locais fechados, museus ou cafés, e deixar os passeios ao ar livre para a parte da tarde, quando o clima costuma estar mais ameno.
O frio também pode afetar o humor e a disposição física, então evite maratonas turísticas. Reserve momentos de descanso e esteja preparado para mudar a programação, caso o clima piore.
Essa adaptação é fundamental para aproveitar o destino sem sofrimento. Viajar no frio é também aprender a desacelerar e curtir os momentos com mais conforto.
9. Proteja seus eletrônicos e baterias

Pouca gente sabe que temperaturas muito baixas afetam diretamente a durabilidade das baterias. Celulares, câmeras e power banks descarregam mais rápido no frio, o que pode atrapalhar quem depende de dispositivos eletrônicos durante os passeios.
Evite deixar os aparelhos expostos ao clima frio por muito tempo. Guarde-os nos bolsos internos do casaco, onde ficam protegidos e aquecidos. Levar uma bateria externa (power bank) é essencial, especialmente se for usar o celular para tirar fotos ou usar GPS com frequência.
Se estiver em locais com neve, proteja os aparelhos com capas à prova d’água ou sacos plásticos selados. A mudança brusca de temperatura (como sair do frio intenso para um ambiente aquecido) pode provocar condensação e danificar os equipamentos.
Ao viajar no frio, pense em tecnologia como uma extensão da sua preparação. Manter os dispositivos funcionando é essencial para registrar a viagem, se comunicar e até para emergências.
10. Faça um seguro de viagem que cubra problemas de saúde no frio

Muita gente ignora o seguro viagem, mas ele é ainda mais importante em climas frios. As chances de adoecer, escorregar, se acidentar ou desenvolver problemas respiratórios aumentam bastante quando se viaja para destinos gelados.
Se você pretende viajar no frio para o exterior — principalmente para lugares com neve — escolha um seguro viagem com cobertura ampla, incluindo atendimentos por hipotermia, intoxicação alimentar, gripes fortes e quedas.
Dentro do Brasil, ainda que o SUS atenda emergências, o seguro pode agilizar o atendimento em locais afastados ou facilitar o acesso a clínicas privadas. Alguns planos incluem cobertura para extravio de bagagem, que também é comum em períodos de inverno.
Viajar no frio sem seguro é correr um risco desnecessário. Com um pequeno investimento, você garante tranquilidade em caso de imprevistos.

Viajar no frio pode ser uma experiência inesquecível — seja explorando vilarejos cobertos de neve, curtindo as paisagens da serra brasileira, conhecendo países do hemisfério norte durante o inverno ou apenas aproveitando o clima ameno para fugir do calor excessivo. Mas para que tudo saia como planejado, é fundamental ter atenção a detalhes que fazem diferença no conforto e na segurança da viagem.
Desde roupas adequadas e cuidados com a pele até planejamento da hospedagem e do roteiro, cada dica citada aqui pode ajudar a tornar sua experiência mais agradável e prática. Lembre-se: o frio não precisa ser um obstáculo. Com a preparação correta, ele se transforma em um atrativo a mais.
Seja você um viajante experiente ou alguém explorando o inverno pela primeira vez, aplicar essas 10 dicas para viajar no frio vai te ajudar a curtir ao máximo esse tipo de aventura. Boa viagem!